A Zimbabwe, nascida da paixão pela black music, é um pilar fundamental na história da cultura musical de São Paulo e do Brasil. Desde seus primórdios, nos anos 70, com a equipe "Os Jovens Negros", o idealizador William Santiago (filho de um "Rei do Rock and Roll" dos anos 60, Baby Santiago, o primeiro negro a gravar rock no Brasil) mergulhou de cabeça no universo dos bailes. Baby Santiago, apesar de ter enfrentado preconceito em outros contextos, não o sofreu diretamente na música, onde artistas negros como Cauby Peixoto e Carlos Gonzaga eram muito bem aceitos pelo público. Essa realidade contrastava com a dos EUA, onde músicos negros como Chubby Checker eram obrigados a entrar e sair pelos fundos para tocar para brancos, evidenciando o racismo da época, retratado em filmes como "Cadillac Records".
A virada aconteceu quando William, inspirado pelos continentes africanos e o significado de "Casa de Pedra", batizou sua equipe de Zimbabwe. O primeiro baile com esse nome foi no Aristocrata Clube, em uma domingueira que rapidamente se tornou um fenômeno. Diferenciando-se das outras equipes da época, a Zimbabwe ousou ao introduzir o funk pesado e, posteriormente, a soul music, trazendo para São Paulo a energia vibrante dos bailes do Rio de Janeiro, com seu som de paredes de caixas e um público que lotava ginásios.
Ao lado de nomes como Maurício Black Mad e Luizão da Chic Show, a Zimbabwe inovou, criando um estilo de vida que ia além da música, com moda e atitude que marcaram uma geração. A equipe não tinha medo de lançar novidades e sempre foi pioneira em trazer os sons mais quentes, consolidando seu papel como um termômetro musical para as tendências da black music.